MGMT
“Congratularions”
Columbia / Sony Music
4 / 5
O sucesso dos singles Time to Pretend e Kids deixou muito boa gente iludida sobre qual, na verdade, era o caminho dos nova iorquinios MGMT. E agora, ao editarem o sucessor de Oracular Spectacular, não admira que haja quem possa encarar Congratulations com surpresa. Porém, este é na verdade o seu rumo primordial, não só indiciado no EP que antecedera, ainda em 2005, o álbum de estreia como seguido em alguns momentos desse disco e depois mais claramente abraçado em Metatonia (um injustamente ignorado EP de finais de 2008). Voltando as costas ao que poderia ser uma fácil passadeira para a consagração pop (departamento coisa séria), em 2010 os MGMT optam antes por explorar ao tutano, e sem filtros, os ecos das genéticas do psicadelismo e do som prog que lhes correm desde sempre na alma. E fazem-no assim num disco de canções iluminadas pela ousadia e inspiração, reencontrando no presente toda uma carga de formas e ideias que, 40 anos depois de serem um destino visionário, não deixam ainda de alimentar novas e estimulantes visões. Produzido por Pete Kember (na verdade não mais que Sonic Boom, dos míticos Spacemen 3), Congratulations é um álbum que explora em profundidade as reais potencialidades dos MGMT. Escutem-se canções talhadas com alma melómana como Brian Eno ou Song For Dean Treacy, os requintes implosivos de I Found A Whistle, o festim pop de Flash Delirium ou a visão de grande fôlego em Siberian Breaks (a “peça” de mais de 12 minutos que é a obra central do álbum) e reconheça-se aqui o disco que consagra a banda como mais que um “caso” sazonal de sucesso indie.
PS. Este texto é uma versão editada de uma crítica publicada na revista NS.