segunda-feira, maio 17, 2010

Novas edições:
LCD Soundsystem, This Is Happening

LCD Soundsystem
“This Is Happening”

DFA / EMI Music
4 / 5

Era um dos discos mais aguardados do ano. E convenhamos que, além de compensar a espera, de This Is Happening se pode desde já dizer, em em primeiro lugar, que, uma vez mais, James Murphy volta a escrever as linhas que definem a música do nosso tempo. De resto outra coisa não tem feito nos últimos cinco anos desde que o primeiro álbum dos LCD Soundsystem se afirmou como um marco maior na cultura popular da década dos zeros, lançando ideias que se tornaram nova referência na forma de entender pontes entre a música do presente e ecos do passado, sob atitude herdeira da genética libertária do punk e sob uma atenção aos “métodos da dança” (como o teriam dito os Japan) como destino primordial. Há três anos o sucessor, Sound Of Silver, deixou claro que o álbum de estreia não fora fruto do acaso, aprofundando esse segundo disco uma relação com a composição que, agora, em This Is Happening, nos dá mais uma notável colecção de canções. Nada aqui é absolutamente novo e, convenhamos, não regista mais a noção de surpresa. Nem precisa. Coerente com a história que o colectivo tem vindo a registar em disco, as canções retomam os principios formais já antes conhecidos (talvez explorando mais profundamente uma ideia de canção longa, cujas “narrativas” feitas de sons e palavras evoluem sem olhar apressadamente para os ponteiros do rególgio). As referências que definiram a sua identidade são novamente retomadas, dos ecos do krautrock de 70 à emergência da primeira geração pop electrónica (finais de 70 e inícios de 80), sinais de atenção pela história da música de dança (traços da herança dos bleeps dos dias do acid house passam, por exemplo, em One Touch) e, inevitável, o disco. Do viço punk de Drunk Girls às cores pop de All I Want, passando pelo deslumbrante e longo quadro que se desenha, por etapas, na abertura do alinhamento, em Dance Yrself Clean, This Is Happening pode não repetir os instantes revolucionários dos dois discos anteriores (nem o podia, que a revolução está já lançada). Mas em tudo serve novos argumentos para, em pleno, continuarmos a seguir atentamente alguém que, como o título sugere, nos traz uma música que traduz o que hoje está a acontecer.