quarta-feira, maio 19, 2010

Novas edições:
CocoRosie, Grey Oceans

CocoRosie
“Grey Oceans”

PIAS / Edel
3 / 5

Integram uma “família” que se revelou na década dos zeros propondo novas (e inventivas) abordagens à canção através de uma desafiante relação com os universos da folk. Mas, ao contrário de Devendra Banhart, Joanna Newsom ou até mesmo Antony Hegarty (que pelos laços de afinidade e de colaboração era figura próxima destes acontecimentos), as CocoRosie foram perdendo visibilidade de disco para disco. Representaram, a certa altura, um “caso” algo sobrevalorizado entre o espaço a que então se chamou freak folk, mas às CocoRosie pode contudo reconhecer-se o mérito da formação de uma personalidade distinta parecendo contudo que, por vezes, os discos traduziam mais sinais de investimento na definição dessa linguagem que, propriamente, na composição… O progressivo afastamento das luzes das maiores atenções talvez fale agora em seu favor. E Grey Oceans, mesmo sem mostrar grande vontade de partir para destinos muito distantes, revela sinais de abertura a novas formas e ocasionais instantes de interessante composição. Com algumas afinidades com o modo como Björk foi trabalhando a noção de espaço dentro da canção, as irmãs Cassidy parecem, depois de definida e estabilizada a sua “voz” criativa, ter encontrado aqui o ponto de partida para uma nova busca, afinando melhor que nunca a sua visão sobre o que pode ser uma canção. Estão aqui os ecos já habituais na sua música, da folk às electrónicas, mas desta vez materializando-se em formas mais definidas onde se procura mais que marcar a diferença. Da elegância de Lemonade a belos instantes pop ao som de Hopscotch, The Moon Asked The Crow ou Fairy Paradise, Grey Gardens, traz-nos, mesmo longe ainda de atingir a total potencialidade desta linguagem, o melhor disco das CocoRosie até ao momento.