Líbano é um olhar pela guerra vivido do ponto de vista de quem a meio dela se encontrou. Tal como o foi o realizador na altura, somos agora colocados no exíguo e claustrofóbico interior de um tanque de guerra. O ambiente é escuro, imaginamos que quente e carregado de cheiros nauseabundos. Decididamente assustador, este é o espaço que acolhe toda a narrativa, o exterior sendo-nos dado apenas pela mira do artilheiro, que assim é a única janela para o exterior. Poucas palavras, as que se escutam resultando das dúvidas, das ordens ou dos medos que vão crescendo… A câmara escuta os olhares, adivinhando-lhes sensações e ideias. A escuridão envolve-os, os conflitos gerando um estado de tensão que parece nunca se dissipar, sobretudo quando dão por si fora de terreno seguro, algures numa zona habitada onde, sabem, o inimigo está bem perto, e o pânico quase ofusca a razão.
Sem heróis, Líbano é um filme anti-guerra tenso e intenso. As imagens, o espaço, as situações e, sobretudo, o clima que se instala entre as personagens conseguem sugerir o que foi estar ali e viver aqueles instantes longos de desconforto e medo.
Imagens do trailer de Líbano.