Como e que um ditador se encena atraves das suas imagens? E essa a primeira pergunta do extraordinario Autobiografia de Nicolau Ceausescu, de Andrei Ujica, mais um titulo essencial da notavel presenca da Romenia neste festival. Em boa verdade, e uma pergunta que conduz a outra: como e que as imagens traem o proprio discurso oficial que as gera e sustenta? Sem qualquer comentario "off", apenas com as imagens (e os sons) do regime de Ceausescu, o filme consegue — pela metodica acumulacao e subtil montagem — dar-nos a ver a tragedia interior de um sistema autoritario de poder.