quinta-feira, março 11, 2010

Em conversa: Owen Pallett (2/3)

Continuamos a publicação de uma entrevista com Owen Pallett que serviu de base ao artigo ‘Owen Pallett traz a Lisboa canções que escreveu nesta cidade’, publicado na edição de 9 de Março do DN. O músico estará novamente hoje em concerto em Lisboa, no Teatro Maria Matos.

Trabalhou com um ensemble no novo disco. Não vai contudo levar todos aqueles músicos para o palco...
Tenho agora mais um músico na banda. E é um bom amigo. É bom ter mais um amigo na estrada.

Pensa algum dia ir além do que é, mesmo assim, um quase one man show?
Se eu quisesse formar uma banda faria uma banda. Mas quando era Final Fantasy era apenas eu. E agora, que me apresento apenas como Owen Palett, é natural que assim continue. Se formasse uma banda, a música teria de mudar, acho...

As suas referências tanto abarcam os universos da pop como da música clássica. Está de certa forma exposto a ambos os mundos. A sua música seria a mesma sem a relação que tem à clássica?
O que faço basicamente é música pop, apesar de trabalhar com partituras. Essa é talvez a maior e mais evidente ligação... Não me considero um músico na área da clássica.

Mas já teve obras encomendadas para concertos...
Sim, já tive obras encomendadas. É bom, nada contra. Mas não sou um compositor.

Consegue caracterizar a linguagem, tão pessoal, que revela na sua música?
Para ser honesto, acho que há uma estética, mas não sei se a consigo definir, porque é o que eu sou... Faça eu música pop electrónica, sinfónica ou quartetos de cordas, a minha música vai sempre representar o que eu sou... Mas acredito que as pessoas consigam encontrar ligações.

Tem assinado arranjos em discos de nomes que vão dos Last Shadow Puppets a Pet Shop Boys, passando por Mountain Goats. É um espaço de trabalho importante para si?
Gosto de fazer esses trabalhos. Porque gosto de ver os meus amigos. E quando faço discos com eles consigo estar mais tempo com eles. Deixei entretanto de fazer arranjos, porque me quero concentrar mesmo no meu trabalho como Owen Pallett.

Só começou a editar a solo após algumas experiências de colaboração, entre as quais os Arcade Fire ou Hidden Cameras. Foram escolas?
Na verdade fiz um primeiro disco a solo quando tinha 22 anos. Não o editei, mas mostrei-o a amigos e houve quem gostasse. Pediram-me para que não deixasse de fazer discos. Fiz então alguns com a minha banda, Les Mouches, isso antes dessas outras colaborações. A minha primeira experiência foi, todavia, esse tal disco a solo que não editei.
(continua)