quarta-feira, março 10, 2010

Em conversa: Owen Pallett (1/3)

Iniciamos hoje a publicação de uma entrevista com Owen Pallett que serviu de base ao artigo ‘Owen Pallett traz a Lisboa canções que escreveu nesta cidade’, publicado na edição de 9 de Março do DN. O músico estará hoje e amanhã em concerto em Lisboa, no Teatro Maria Matos. Ambos os concertos estão esgotados.

Até aqui tinha editado a sua música como Final Fantasy. Agora o seu nome surge na capa dos discos e nos cartazes dos concertos… É diferente?
É um pouco estranho. E acho que ainda vou levar algum tempo a habituar-me. Escrevi música sempre sem pensar que era algo onde teria que colocar o meu nome. A música é algo que eu faço mas não sou eu... Daí que seja estranho. Estou-me a habituar.

Curiosamente, na capa deste novo álbum, além do seu nome, também surge inclusivamente uma foto sua… Igualmente pela primeira vez…
Foi uma coincidência total. O Colin Bergh, que desenhou a capa, estava a pensar em usar imagens de várias pessoas e, mais tarde, chegou a pensar fazer um close up de alguém que não eu... Começou a tirar fotos... E aquela ficou tão boa que ele acabou por querer mesmo usá-la.

O seu mais recente álbum, He Poos Clouds, revelava uma certa relação com a memória de Schumann. Era, mesmo com as devidas diferenças de forma, quase como um ciclo de canções. O novo Heartland soa mais pop...
Quando estava a fazer o He Poos Clouds, apesar de estar a trabalhar com canções pop, ouvia de facto muito a música de Schumann. Sobretudo quartetos de cordas. Este disco, pelo contrário, surgiu comigo a ouvir música pop. Há uma orquestra em cena, mas o que procurei foi atingir o som clássico de um disco pop. É um disco pop. Como o é um álbum dos Human League... (risos)

O que está a ouvir acaba mesmo por influenciar as canções?
Sim, sem dúvida.

Que música pop influenciou então a gestação de Heartland?
O que aconteceu foi que, em 2007, os OMD me perguntaram se eu poderia fazer arranjos sinfónicos para algumas das suas canções dos primeiros tempos. Disse-lhes inicialmente que sim, mas no final acabei por desistir. Não consegui encontrar uma forma de orquestrar as canções mantendo-as tão entusiasmantes quanto o eram na sua forma original em disco... Mas ao mesmo tempo que fazia estas tentativas de abordagem à música deles fui encontrando algumas soluções e junções curiosas entre electrónicas e secções de cordas. Formas de trabalhar sons... E pareceu-me que poderia ser interessante fazer um álbum que fosse sinfónico e que seguisse um pouco as linguagens da pop electrónica. Foi assim que o disco surgiu...
(continua)