Há poucas semanas aqui falávamos de 500 Days Of Summer, um caso notável de um grande filme que escapou (até ver) ao circuito de exibição entre nós. Haverá, ao menos, DVD? Aqui fica um outro exemplo, este estreado no Festival de Berlim há dois anos, mas por aqui nem vê-lo, nem em sala, nem no DVD…
Lake Tahoe é um pequeno e magnífico filme sobre, praticamente, nada. Assinado por Fernando Eimbicke (de quem vimos Temporada de Patos), segue uma história quase sem história. Tudo começa numa manhã, bem cedo, algures numa cidade (ou num subúrbio) que ainda não acordou. Um rapaz acaba de chocar com o carro da família contra um poste. E procura ajuda… O dia vai levá-lo a conhecer várias personagens, de um velho que o toma por ladrão e a quem promete passear o cão (que depois perde de vista) a uma rapariga que trabalha numa loja que vende peças para automóveis, esta apresentando-lhe um amigo mecânico, que anda de um lado para o outro de bicicleta e na verdade está mais interessado nos seus filmes série B sobre kung fu que no seu trabalho. Ritmo lento, o ritmo do acordar de uma cidade antes do buliço da manhã de trabalho. Poucas palavras, na verdade seguindo antes a preocupação do protagonista em resolver o seu pequeno drama. A câmara olha o espaço, segue os passos, acentua a solidão que assombra o protagonista, só com o tempo se compreendendo finalmente porquê. O título, Lake Tahoe (um conhecido resort turístico nos EUA), decorre do que parece uma citação wellesiana, surgindo num autocolante que a dada altura vemos no carro que é motor para a acção que depois acompanhamos.
Imagens do trailer de Lake Tahoe