domingo, fevereiro 14, 2010

A saga do 3D

O cinema a três dimensões envolve as salas e... a televisão — este texto foi publicado no Diário de Notícias (13 de Fevereiro), com o título 'Já mudou de televisor?'.

O reaparecimento do cinema a três dimensões é uma história mal contada. Ou que, em todo o caso, está longe de se esgotar numa “novidade” esfuziante. Só por distracção se pensará que tudo se resume a um utópico renascimento “artístico” (o que, como é óbvio, não invalida as grandes expectativas em relação a alguns filmes anunciados em 3D, nomeadamente a nova versão de Alice no País das Maravilhas, por Tim Burton). A promoção maciça do 3D, em grande parte apoiada no empolamento mais ou menos histérico dos números de bilheteira de Avatar, visa também novas matrizes de consumo caseiro. Não por acaso, ao longo de 2010, os maiores produtores de aparelhos de televisão (incluindo Panasonic, Samsung e Sony) começarão a lançar os seus primeiros televisores equipados também para 3D.
O que coloca uma questão bizarra, que ecoa uma dúvida ligada à produção cinematográfica: onde estará a quantidade suficiente de produtos (filmes, programas, etc.) para alimentar o novo mercado? Ou ainda: será que os consumidores vão investir numa máquina mais cara e... minoritária?