
A novidade dos dez nomeados para melhor filme vai dominar estes Oscars. Novidade relativa, entenda-se, já que essa foi uma prática comum até 1943, quando ganhou Casablanca, de Michael Curtiz, num ano em que a lista incluía O Céu Pode Esperar, de Ernst Lubitsch, Sangue, Suor e Lágrimas, de Noel Coward e David Lean, e Consciências Mortas, de William A. Wellman.
Poderemos perguntar quantos dos dez nomeados de 2010 aguentam o paralelismo com os de há 67 anos. Mas corremos o risco de nos enredarmos no infantilismo da blogosfera, com os filmes reduzidos aos milhões das tesourarias e o pensamento a esgotar-se na escolha do “melhor” insulto para atingir o parceiro do lado. O que está em jogo, além de economicamente muito diferente, pertence a outra conjuntura simbólica. Em meados dos anos 40, Hollywood era uma metódica máquina de produção, organizada em torno dos seus géneros (comédia, melodrama, musical, etc.) e das suas estrelas. Agora, existe como ponto de fuga imaginário de um cinema espartilhado em muitos modelos de produção e outras tantas estratégias narrativas e tecnológicas.
