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Igor Stravinsky (1882-1971) foi um dos mais visionários compositores do século XX, a sua obra percorrendo uma impressionante variedade de formas, abrindo espaço a novos modos de entender o discurso rítmico. A história do relacionamento de Pierre Boulez com a música de Stravinsky passou ao longo dos anos por etapas distintas, cada qual sob um clima diferente. Aos 17 anos, Boulez recorda o momento do primeiro contacto com O Canto do Rouxinol. Estávamos em 1942. Já conhecia o nome de Stravinsky, mas não o conseguia associar a nada, “um pouco como com Picasso”, descreveria depois. Escutando a peça numa transmissão radiofónica confessa que se sentiu espantado, em parte porque não entendeu quase nada do que ali acontecia... Não muito tempo depois, já em finais dos anos 40, a sua visão sobre A Sagração da Primavera revelava uma opinião firme que, se por um lado admirava o “conceito revolucionário de ritmo”, por outro encontrava uma série de motivos para a não aplaudir. Motivos que, como Wolfganfg Stähr descreve no booklet de uma caixa agora editada, se apresentavam sob o tom “desapaixonado”, como um “diagnóstico de um médico”... Um ensaio de 1951 faria história, acentuando o olhar crítico de Boluez... Uma posição extremada que mudaria com o tempo. Daí que, o texto que acompanha a caixa que agora uns os dois nomes se apresente sob o título “Nothing Stays The Same”., terminando Stärr por reconhecer que, hoje, a música de Stravinsky está aqui entregue às melhores das mãos: as de Boulez.
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