terça-feira, fevereiro 16, 2010

O outro lado de James Franco

Pode uma curta metragem fazer valer um dia inteiro de filmes num festival de cinema onde as longas (de ficção e documentais) predominam? Pode, sem dúvida. E o feito, nesta edição da berlinale, cabe a James Franco, que conhecemos sobretudo pelo seu trabalho como actor (em filmes como Milk, de Gus Van Sant e Howl, de Rob Epstein e Jeffrey Friedman) e que, nos últimos anos tem vindo a desenvolver um trabalho em paralelo na realização.

O actor esteve ontem presente na sala durante a apresentação de duas curtas metragens suas, uma delas, Herbert White, explicando-a como inspirada pelo poema homónimo de Frank Bidart. Protagonizada pelo invariavelmente excepcional Michael Shannon (na imagem), a curta metragem segue alguns momentos no dia a dia de um homem que luta com demónios interiores ao mesmo tempo que tenta viver uma vida comum, com a mulher e filhos. O filme é um trabalho nascido no quadro de um programa de ensino (que James Franco está a concluir na NYU) na área do cinema. E mostra não apenas uma interessante relação de trabalho com a imagem (que ganha muito com o ritmo de montagem adoptado) como com uma força motriz narrativa que, mesmo vivendo o filme de uma sucessão de fragmentos, capta a atenção e faz-nos entrar no que, aos poucos, começamos a entender ser mesmo uma história assustadora… O poema fora recentemente descoberto por Franco na universidade. E, antes de rodar o filme, consultou o próprio actor. “Os poetas não estão muito habituados a que façam filmes a partir dos seus poemas”, disse ontem na sala, frente a mais de 600 espectadores.