Ainda que realizado por uma dinamarquesa, Lone Scherfig, o filme Uma Outra Educação é um caso exemplar do realismo britânico. E tanto mais quanto no seu centro está uma personagem de 16 anos — interpretada pela brilhante Carey Mulligan (24 anos) —, portanto de uma faixa etária tantas vezes reduzida a clichés pelas ficções televisivas. O filme consegue mesmo a proeza de evocar os anos 60 através de uma caracterização minuciosa, capaz de contornar também as visões simplistas e mais ou menos "libertárias" da época. A educação da personagem que descobre o amor, o sexo e as ambivalências das relações sociais funciona, assim, como um processo de dupla revelação: para ela, surpreendida pela variedade do mundo para além das paredes seguras da casa familiar; para o espectador, aprendendo a não menosprezar as razões de nenhuma personagem. O realismo é também essa pedagogia de abertura à pluralidade das coisas — e das pessoas.
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