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A narrativa evolui, juntando dois ingredientes fundamentais. Escrito em 1982, em clima de tensão nuclear entre os dois grandes blocos (EUA e URSS), o livro 2010: The Second Odissey transporta um clima de ameaça iminente para o espaço, chegando mesmo a separar russsos e americanos nas respectivas naves (uma delas a então recuperada Discovery). Só uma necessidade comum os juntará, um gigantesco evento cósmico (anunciado pela mesma entidade que havia deixado os enigmáticos monólitos na Terra e Lua) acabando por representar o motivo pelo qual a contenda terrestre acaba por ser ultrapassar.
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O filme herda naturalmente a narrativa explorada por Kubrick, assim como os espaços físicos da nave Discovery, que em parte voltam a ser usados (não regressando contudo a grande sala circular que havia gerado uma das mais surpreendentes sequências do filme de 1968. Do filme original 2010 recupera ainda o actor Keir Dullea, que volta a vestir a pele do astronauta Dave Bowman, misteriosamente desaparecido em 2001 e que agora surge como emissário da força cósmica que alerta a humanidade para “algo maravilhoso” que vai acontecer.
2010: O Ano do Contacto está contudo a milhas do feito de Kubrick, representando uma sequela de dieta a um dos mais importantes filmes de toda a história do cinema de ficção-científica.
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Arthur C. Clarke não terminou contudo esta história em 2010. Em 1987 o livro 2061: Odissey Three retoma a narrativa, projectando a acção 51 anos mais tarde. Júpiter transformou-se numa pequena estrela e o gelo em Europa derreteu, mostrando agora o planeta uma atmosfera. A história evolui em torno de uma estrutura que é detectada na superfície de Europa e que se descobre ser um gigantesco diamante, projectado por Júpiter aquando do evento de 2010 que o transformara em estrela. A tetralogia terminaria em 1997 com a publicação de 3001: The Final Odissey, que não apenas revela o que são os monólitos e a civilização alienígena que os criou, como recupera a figura do astronauta que é lançado para o espaço em 2001 e que vagueando inerte, congelado, durante mil anos, é encontrado na Cintura de Kuiper e depois reanimado. O terceiro e quarto volumes da série chegaram a chamar algumas atenções em Hollywood, mas uma adaptação de qualquer um deles nunca sequer entrou em pré-produção.