Memória breve, mas incontornável, de um concerto ocorrido há cerca de uma semana (Fundação Gulbenkian: 17 de Janeiro) — sob a direcção de Peter Rundel, com o tenor Christoph Prégardien, o Remix Ensemble [foto] interpretou o ciclo Winterreise, de Franz Schubert, numa versão com orquestra de câmara, composta em 1993 por Hans Zender (concerto repetido na Casa da Música, no Porto, a 19 de Janeiro).
O mínimo que se pode dizer é que a heterodoxia das sonoridades surpreende, desconcerta e fascina. A aposta de Zender consiste em criar uma divergência sonora — porventura não estranha ao conceito musical de divertimento —, através da qual o canto de Schubert se espelha e deforma, em última instância celebrando qualquer revisão como assumida reinvenção. Daí a sedutora tensão: sentimos as memórias de outro tempo (Schubert publicou Winterreise em 1827), reencenadas num presente necessariamente atribulado e inevitavelmente nosso.
O mínimo que se pode dizer é que a heterodoxia das sonoridades surpreende, desconcerta e fascina. A aposta de Zender consiste em criar uma divergência sonora — porventura não estranha ao conceito musical de divertimento —, através da qual o canto de Schubert se espelha e deforma, em última instância celebrando qualquer revisão como assumida reinvenção. Daí a sedutora tensão: sentimos as memórias de outro tempo (Schubert publicou Winterreise em 1827), reencenadas num presente necessariamente atribulado e inevitavelmente nosso.