Da esquerda para a direita: Lukas Hagen (violino), Veronika Hagen (viola), Rainer Schmidt (violino) e Clemens Hagen (violoncelo) — o Quarteto Hagen trouxe ao Grande Auditório da Fundação Gulbenkian (25 de Janeiro), na primeira parte do seu magnífico concerto, dois momentos exemplares do Quarteto para Cordas, sob o signo de Wolfgang Amadeus Mozart (Quarteto para Cordas Nº 23, em Fá maior, K. 590) e Claude Debussy (Quarteto para Cordas, em Sol menor, op. 10), expondo as delicadas nuances de um género que evoluiu dos padrões do Classicismo para as contrastes do Romantismo, anunciando as convulsões do século XX.
Por isso mesmo, foi exemplar a escolha do Quinteto para Cordas, em Dó maior, D. 956, de Franz Schubert, para a segunda parte — com Heinrich Schiff no violoncelo. A escolha de Schubert de um segundo violoncelo (e não uma segunda viola) confere a esta obra uma densidade de contrastes estruturais e emocionais que, por assim dizer, faz a síntese de um tempo musical, prenunciando muito do seu futuro mais ou menos distante. Foi, assim, um concerto de muitos ecos históricos, sustentado por uma performance de delicada sofisticação.