
A adaptação ao grande ecrã de John Hillcoat é, contudo, uma absoluta desilusão. Se imaginarmos o livro como um prato de sashimi, o filme ao lado dele parece uma farta feijoada, de tanto que lhe acrescenta (sem necessidade). Em cena entram dispensáveis flashbacks que tentam justificar, às fatias, o que aconteceu, a mãe que desapareceu, as primeiras sequelas da catástrofe (porém, é certo, sem nunca a explicar). O filme transforma num desfile de acontecimentos um livro que vive mais de sensações e parcas e fragmentárias acções. O mundo pós-apocalíptico é visualmente bem moldado a uma ideia de desolação absoluta. Os diálogos tocam em alguns instantes-chave da narrativa original. Mas a força emocional que Cormac McCarthy desenha por palavras cede no ecrã a um quase banal desfile de sombras e desencantos…
Imagens do trailer de A Estrada.