domingo, janeiro 31, 2010
Em conversa: Tiago Sousa (4/4)
Concluímos hoje a publicação integral de uma entrevista com Tiago Sousa, que serviu de base ao artigo “A música como forma de dizer aos outros quem é Tiago Sousa” publicado no DN a 14 de Dezembro, apresentando o álbum Insónia.
Acredita que o seu disco possa trazer novos públicos a esta música? E eventualmente despertar curiosidade sobre as músicas que ajudaram a descobrir o caminho para chegar a esta?
É uma contribuição que faço. E nas conversas que tenho com os amigos acabo por falar sobre o que estou a ouvir e ler...
Quais foram as descobertas recentes que mais o marcaram?
Houve primeiro os impressionistas e alguns românticos, não tanto o Liszt mas mais um Chopin. Ele tem uma simplicidade na forma como constrói a melodia e depois faz muitos artefactos ali à volta. Mas a melodia é bastante forte. Entre os mais contemporâneos poderia referir os minimalistas, mas na sua fase mais obscura. Falo de um Terry Riley, um La Monte Young. Neste disco ainda não está expresso, mas nos próximos haverá mais música do mundo.
Sente a música como uma experiencia mais emocional ou racional?
As melhores interpretações da minha música acontecem quando estou em casa, quando não estou com mais nada na cabeça. Aquilo é o que estou a pensar. Nesse momento consigo transportar a emoção que tenho na música que fiz. Esse carácter é uma coisa que me interessa cada vez mais atingir e transpor para os concertos. Conseguir abstrair-me que estão pessoas e concentrar-me na interpretação dessas peças.
Como lida com o acto de criar?
Tenho dificuldade em descobrir em que momento aquela música nasceu. É construir e desconstruir...
Por ensaio e erro?
Sim... Por tentativa, por improvisação muitas vezes. Ultimamente ando a focar-me mais na escrita na música e assim consigo chegar a um carácter mais sofisticado. Mas a forma como o primeiro momento musical surge e daí parte uma ideia para uma música… Para mim é difícil de dizer onde nasce... Há uma melodia que se improvisa, dessa se calhar faço um arranjo... Depois penso como está... Depois olho e acho que estou a complicar... Há um processo de por e tirar...
E quando acaba?
Nunca se sabe. Por isso gosto de experimentar as coisas ao vivo...