N.G.
O esbater progressivo das fronteiras entre os géneros musicais não se limita à criação. Ou seja, a obras capazes de juntar mundos outrora de costas voltadas, como o foram um Songs From Liquid Days de Philip Glass, um I Was Looking At The Ceiling And Then I Saw The Sky de John Adams, um Alina de Arvo Pärt, uma Sinfonia Nº 3 de Gorecki ou, mais atrás ainda no tempo, um Hymnen de Karlheinz Stockhausen ou uma Missa de Leonard Bernstein – às quais se juntaram nos últimos tempos novas e visionárias contribuições por figuras como Ambrose Field, Osvaldo Golijov ou Murcof – o ano trouxe um livro que, mais que qualquer outro antes publicado, juntou melómanos de vivências musicais distintas numa demanda comum. Assinado por Alex Ross, crítico da New Yorker, O Resto É Ruído (no original The Rest Is Noise) é uma visão da música do século XX capaz de entender que a história tanto escuta as contribuições de nomes como Stravinsky, Bartók, Schoenberg, Stockhausen, Sibelius, Shostakovich, Prokofiev, Ligeti, Orff, Reich ou Glass, como os Velvet Underground ou Sonic Youth. Resultado: pôs muito boa gente, de “escola” feita na cultura pop/rock a dar por si a descobrir a música clássica. Duas outras notas para dois outros livros que ajudaram a ler sobre música este ano: a luminosa auto-biografia de John Adams e uma visão que integra Arthur Russel no contexto cultural da cena nova-iorquina de 70 e 80 em Hold On To Your Dreams.
1. O Resto é Ruído, de Alex Ross
2. Hallelujah Junction – Composing an American Life, de John Adams
3. Hold On To Your Dreams, de Tim Lawrence
4. Galileo’s Dream, de Kim Stanley Robinson
5. Invisível, de Paul Auster
6. A Música da Fome, de Le Clézio
7. The Moon, Came To Earth, de Philip Graham
8. Design For Obama, de Aaron Perry Zucker e Spike Lee
9. Contos Completos, de Truman Capote
10. Com a Cabeça na Lua, de Asimov, Clarke, Heinlein e outros…
J.L.
Barthes — palavras póstumas, tão longe, tão perto: uma escrita que labora, incansável, sobre a transparência e as suas ilusões, as significações e o seu impensado. Entre coisas redigidas na urgência deste nosso presente e coisas vindas de passados (e edições) mais ou menos distantes, o ano de leitura deixa-nos uma certeza: é possível ler, continuar a ler, para além da "velocidade" ilusória e fragmentária de muitas formas de consumo na Net. Foi também o ano para reescrever o nome de: Nuno Bragança.
1. Journal de Deuil, de Roland Barthes
2. Carnets du Voyage en Chine, de Roland Barthes
3. Obra Completa 1969-1985, de Nuno Bragança
4. Ofício Cantante, de Herberto Helder
5. Les Voyageurs du Temps, de Philippe Sollers
6. Invisible, de Paul Auster
7. Caim, de José Saramago
8. Un Coeur Intelligent, de Alain Finkielkraut
9. The Time Traveler's Wife, de Audrey Niffenegger
10. Francis Bacon (catálogo Tate)