J.L.
CINEMA: Kate Winslet filmada por Sam Mendes: símbolo de um cinema em que os actores ainda contam, ou o rigoroso contrário da violenta impessoalização de Transformers. O que não significa que a "tecnologia" seja o inimigo a abater. Bem pelo contrário: Benjamin Button é um esplendoroso ser híbrido, nascido da insólita contaminação do acto de representar pela digitalização da imagem. Afinal de contas, é o corpo (e a sua voz) que continua a desafiar o olhar (e a escuta) dos grandes cineastas — veja-se Jeanne Balibar filmada por Pedro Costa.
1. Revolutionary Road, de Sam Mendes
2. Estado de Guerra, de Kathryn Bigelow
3. Depois das Aulas, de Antonio Campos
4. Che, de Steven Soderbergh
5. O Delator!, de Steven Soderbergh
6. Ne Change Rien, de Pedro Costa
7. O Estranho Caso de Benjamin Button, de David Fincher
8. Um Conto de Natal, de Arnaud Desplechin
9. Sacanas sem Lei, de Quentin Tarantino
10. Andando, de Hirokazu Kore-eda
DVD: Apesar das muitas edições interessantes, e mesmo não esquecendo a reforçada abertura aos clássicos e às cinematografias exteriores ao espaço anglo-saxónico, o mercado do DVD continua a apresentar uma imagem mais ou menos caótica — algumas grandes campanhas para blockbusters e, depois, um pano de fundo de "salve-se quem puder". Nenhuma pedagogia, nem sequer meramente comercial... com coisas fascinantes no meio do turbilhão.
1. Gimme Shelter, de Albert e David Maysles, e Charlotte Zwerin
2. Nos Lábios Não, de Alain Resnais
3. Jacques Demy (3 filmes)
4. Jacques Torneur (4 filmes)
5. Eric Rohmer ('Seis Contos Morais')
6. Eric Rohmer ('Comédias e Provérbios')
7. Eric Rohmer ('Contos das Quatro Estações')
8. Madonna - Celebration (The Video Collection)
9. Mad Men (primeira temporada)
10. O Feiticeiro de Oz (edição 70 anos)
N.G.
Muitos filmes em estreia, muitos mais os que não chegaram às salas, os festivais representando cada vez mais um espaço fundamental para ver outro cinema… Aqui ficam dez filmes e dez DVD que marcaram um ano cheio de imagens.
CINEMA: Independentemente dos feitos técnicos que fizeram as notícias (os 3D e por aí adiante), houve cinema q.b. para ver em 2009… E sabe bem chegar ao fim do ano e verificar que entre a lista dos melhores moram algumas primeiras obras de novos realizadores. É o caso de Moon (entre nós estreado como O Outro Lado da Lua), primeira longa-metragem de Duncan Jones, filme que devolve a ficção científica a um patamar mais feito de ideias que de feitos digitais. É uma obra de impressionante solidez narrativa, um solo para um actor e todo um conjunto de variações criadas em seu redor, com cereja em cima do bolo na soberba banda sonora de Clint Mansell. Sem dúvida o filme do ano… Nesta lista de dez títulos destaque-se ainda uma outra estreia: a de Kit Hung, num filme que cruza histórias e personagens entre o ocidente e o oriente, com um cuidado visual (e música bem escolhida) que justificava estreia comercial por estas bandas… Outra estreia que há muito tarda é a de Lake Tahoe, premiado em Berlim em 2008 e ainda sem a merecida atenção local.
1. O Outro Lado da Lua, de Duncan Jones
2. Soundless Wind Chime, de Kit Hung
3. Deixa-me Entrar, de Tomas Alfredson
4. Histórias de Caçadeira, de Jeff Nichols
5. Fig Trees, de John Greyson
6. Lake Tahoe, de Fernando Eimbcke
7. Andando, de Hirokazu Koreeda
8. Milk, de Gus van Sant
9. Morrer Como Um Homem, de João Pedro Rodrigues
10. Gran Torino, de Clint Eastwood
DVD: O destaque inevitavelmente para o melhor documentário sobre um músico editado nos últimos tempos. Cruzando o espaço de vida pessoal com o universo profissional, explicando (sem se dar por isso) quem é o protagonista e quem música faz, o retrato de Philip Glass por Scott Hicks é um espantoso panorama sobre uma das figuras mais marcantes dos últimos 50 anos. A lista passa por outros dois documentários (um sobre Patti Smith outro, mais antigo, sobre Harvey Milk), uma ópera de Messiaen, a espantosa série televisiva Mad Men, o telefilme Recount (ainda por exibir entre nós) e uma pequena selecção de longas-metragens com história. Destaque aqui para a espantosa colecção de extras explicativos do filme em questão que chegam com A Caminho de Idaho, só agora com edição local, que define um modelo que muitos outros títulos deveriam seguir.
1. Glass: A Portrait in 12 Parts, de Scott Hicks
2. Patti Smith: Dream Of Life, de Steven Sebring
3. Mad Men, série criada por Mathew Winer
4. A Caminho de Idaho, de Gus Van Sant
5. Recount, de Danny Strong
6. Saint François d’Assisse (Messiaen), de Misjel Vermeiren
7. Os Tempos de Harvey Milk, de R. Epstein e R. Schmiechen
8. E Tudo o Vento Levou, de Victor Fleming
9. Aelita, de Yakov Protazanov
10. Quem Tem Medo de Virginia Woolf?, de Mike Nichols