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N.G.: Neste 2009 Michel Corboz assinala os 4o anos de ligação ao Coro Gulbenkian, de que é maestro titular desde 1969. E o que ficou mais nítido ao fim da primeira de uma série de quatro noites dedicadas a um reencontro com a Oratória de Natal de Johann Sebastian Bach foi mesmo essa clara e profunda ligação, o trabalho continuado resultando num corpo coeso que foi peça basilar num palco onde as vozes solistas não brilharam todas da mesma forma. Corboz estava, em todos os sentidos, "em casa". Não apenas pela história de quatro décadas frente ao coro, mas pela também antiga relação que mantém com a música coral religiosa, a que dedicou já parte significativa de uma vasta discografia. Discreto na direcção, Corboz soube conduzir orquestra, instrumentistas nos respectivos segmentos como solistas e quatro cantores (entre os quais se destacou claramente o tenor Christophe Einhorn), a música fluindo com espantosa e tranquila naturalidade. No formato dois mais dois, as cantatas I, II e III foram interpretadas ontem e hoje, as IV, V e VI agendadas já para sexta e sábado. 275 anos depois da sua primeira apresentação, este conjunto de seis cantatas (originalmente apresentadas entre o dia 25 de Dezembro e o feriado da Epifania, celebrado 12 dias depois) concentra em época próxima do contexto que viu nascer esta música uma rara ocasião para ouvir, na íntegra, ao vivo, uma das mais emblemáticas obras alguma vez compostas para a quadra do Natal.