Oito décadas separam estas imagens: em cima, Buster Keaton é o esforçado operador da sua obra-prima The Cameraman (1928), vivendo os primeiros dramas do cinema como registo de uma realidade convulsiva, ali mesmo à frente dos olhos e das lentes; em baixo, James Cameron trabalha com uma das câmaras fabricadas pela Sony para satisfazer o seu projecto, em 3-D, Avatar [estreia dia 17]. A fotografia de Cameron integra um dossier preparado pela revista Wired, sublinhando, precisamente, as novidades na concepção/fabricação das imagens — na prática, o criador já não depende apenas, nem sobretudo, daquilo que coloca à frente da câmara, mas da pluralidade de elementos que pode inscrever nos seus ecrãs. Pormenor nada secundário: o homem da câmara já não olha por um visor, mas para um ecrã.