Liberdade, Igualdade, Fraternidade — que é feito desta trilogia herdada da revolução (francesa) e integrada no sistema republicano de valores? Mais ainda: tendo em conta que as democracias "avançadas" conseguem, pelo menos, garantir os formalismos (não desprezáveis) dos dois primeiros termos, como vamos de fraternidade?
Le Moment Fraternité (Gallimard, 2009) é um livro de vibrante agilidade e serena inteligência em que Régis Debray nos confronta com as atribulações históricas do conceito de fraternidade e também com os seus enredados labirintos simbólicos — ou não fosse o simbólico essa instância em que, apesar de tudo, ainda conseguimos contornar o hedonismo corrente de uma civilização do eu, participando na convicção de um nós. Aliás, mais do que convicção, Debray fala do sagrado. Até porque, fantasma muito europeu, não basta a "harmonização" económica para constituir uma sociedade. Livro actualíssimo e actuante, mas também distante e cativante como um romance de um tempo outro, já vivido ou apenas imaginado. Citação:
Le Moment Fraternité (Gallimard, 2009) é um livro de vibrante agilidade e serena inteligência em que Régis Debray nos confronta com as atribulações históricas do conceito de fraternidade e também com os seus enredados labirintos simbólicos — ou não fosse o simbólico essa instância em que, apesar de tudo, ainda conseguimos contornar o hedonismo corrente de uma civilização do eu, participando na convicção de um nós. Aliás, mais do que convicção, Debray fala do sagrado. Até porque, fantasma muito europeu, não basta a "harmonização" económica para constituir uma sociedade. Livro actualíssimo e actuante, mas também distante e cativante como um romance de um tempo outro, já vivido ou apenas imaginado. Citação:
>>> A fraternidade teve os seus profetas. "Vamos ao encontro da vida, vamos ao encontro da felicidade", cantarolava o utopista doutros tempos. "A mais doce das virtudes", já dizia Lamartine. "Não esqueçam que é também uma felicidade." Quando os homens se puderem amar como irmãos, não haverá mais fronteiras, nem hierarquias, nem guerras. Poderemos, enfim, pôr de parte os serviços do protocolo, as cartas geográficas e as mentiras que tanto mal nos fizeram. E tem também as suas testemunhas. São, no essencial, "terroristas", religiosos e aviadores. Os profetas são falsas testemunhas, e as testemunhas verdadeiros profetas. Mentira romântica, verdade histórica? Desagradável dilema. Entre a felicidade e a verdade, a escolha não é fácil. <<<
>>> Site oficial de Régis Debray.