'Rubber Soul' (álbum), 1965
Os sinais de mudança já se tinham feito sentir nos últimos singles e até mesmo em diversos momentos do álbum Help!, editado alguns meses antes. Mas é com a chegada de Rubber Soul que se manifesta definitivamente uma nova atitude musical que transportará os Beatles para um outro patamar da invenção. Gravado durante quatro intensas semanas de trabalho, com a agenda de Natal no horizonte, o disco reflecte uma série de novas visões, assinalando o afastamento da linguagem primordial do merseybeat em que o grupo se havia destacado nos primeiros tempos, partindo rumo a um som pop/rock mais elaborado e sofisticado. Há novos instrumentos a entrar em cena (transportando consigo uma nova carga “exótica”), um aprofundar da vontade em explorar os arranjos, primeiros sinais de um interesse pela manipulação de sons (que seria ainda mais intensa em discos posteriores) e, a acompanhar tudo isto, uma escrita mais pessoal que nunca. Há marcas de interesse pela folk (via The Byrds e Dylan) e, sobretudo, uma abertura de horizontes ao prazer do trabalho em estúdio como uma ferramenta adicional ao serviço da sua música (não admira, portanto, que este tenha sido o disco a despertar em Brian Wilson os estímulos que, no ano seguinte, o levariam a Pet Sounds). O álbum apresenta a primeira canção co-assinada por Ringo Starr (em What Goes On), novos sinais de boa escrita em Harrison (Think For Yourself) e uma mão cheia de clássicos como Drive My Car, Nowhere Man, Girl, Michelle ou Norwegian Wood… O disco reflecte ainda o despertar de ideias que anteciparam caminhos a explorar, pouco depois, já sob clima psicadélico, representando If I Needed Someone ou The Word primeiros sinais dessas cenas dos próximos capítulos… Carta fora do baralho é Wait, canção gravada para Help! aqui incluída perante a necessidade de terminar o alinhamento a tempo da edição planeada… Nos EUA o disco foi editado com alinhamento reduzido, juntando mais dois temas da edição britânica de Help!.