segunda-feira, novembro 09, 2009

Histórias de Berlim (5)

Berlim celebra hoje os 20 anos da queda do Muro. Entre uma série de actividades (há exposições, concertos, cerimónias oficiais) o programa do dia inclui o derrubar de um novo muro simbólico. Um muro feito como se de um dominó se tratasse, cada peça pintada para evocar não apenas o que havia sido o muro nos últimos anos, mas também para vincar reflexões sobre osignificado do que foi uma história de uma cidade dividida e a sua libertação.

Tudo começou há 20 anos, marcando o definitivo principio do fim da Guerra Fria e terminando 28 anos de história de uma cidade dividida ao meio. Caiu podre, mais cedo talvez do que previsto. Por um equívoco numa conferência de imprensa de um porta-voz da RDA (a Alemanha de Leste), foi dado a entender que haveria nova política de fronteira em Berlim. A ideia pretendida era uma tentativa de salvar um poder, confrontado com um país sob cada vez mais evidentes sinais de rebelião. As novas regras para fronteiras haviam sido decididas horas antes, devendo a informação para os postos fronteiriços seguir na manhã seguinte… Mas a palavra do porta-voz, que não fora devidamente informado, passou a indicação de que, a partir daquele momento as fronteiras estariam abertas. Milhares de berlineses que assistiam, pela televisão, à conferencia de imprensa, acorreram ao muro. Sem quem desse ordem em que sentido fosse, os guardas não responderam… Em poucos minutos o muro era atravessado. Havia pessoas a trepar as paredes. A passar para o lado de lá dos pontos de fronteira… O muro era rompido. Poucas semanas depois seria removido… E um ano depois a Alemanha estava reunificada.



A decisão surpreendeu os berlinenses na manhã de 13 de Agosto de 1961: o acesso a Berlim Leste estava fechado. E para assegurar a ordem, soldados de seis companhias militares foram colocadas de guarda frente às Portas de Brandenburgo. Não havia ainda muro. Apenas uma divisão da cidade por sectores, estes decorrentes da divisão de Berlim pelos aliados em 1945. No mesmo dia barreiras era levantadas, com arame farpado. E, poucos dias depois, um muro com tijolos começa a ser erigido na linha de fronteira.
Famílias são divididas, amigos ficam separados… Sucedem-se as tentativas de fuga. Muitas usando prédios na linha de fronteira, entrando pela porta a Leste e saindo, bagagens na mão, por janelas a Ocidente…
Para evitar fugas a linha de fronteira a Leste é profundamente delimitada. Com demolições e emparedamentos de janelas. Com o tempo surgem torres de vigia. E, em 1966, uma segunda geração do muro, em betão, sem pontos de apoio para uma eventual escalada, com uma secção cilíndrica no topo…

Berlim, 9 de Novembro de 1989. 28 anos depois, a linha do muro voltava a ter habitantes. Desta vez com liberdade para subir de um lado e descer do outro. Ou vice versa.