sexta-feira, novembro 06, 2009

Histórias de Berlim (4)

Era uma das antigas portas da cidade. Uma das mais monumentais, no topo da alameda Unter den Linden, onde em tempos morava o palácio dos reis da Prússia. As Portas de Brandenburgo foram construídas entre 1788 e 1791 e ainda hoje são um dos símbolos de Berlim. Um símbolo carregado de mais sentidos depois da queda do muro. Foi ali que, em Dezembro de 1989, os chefes dos governos das duas alemanhas se encontraram, caminhando um para o outro, sem ter de atravessar o muro que, durante anos, impedira aquela passagem.

O peso simbólico das Portas de Brandenburgo ganhou novo sentido em 1945. Representava então a passagem do sector britânico para o sector russo na Berlim ocupada pelos aliados. Os primeiros sinais de “atenção” nascem logo nessa época.



A construção do muro de Berlim fez das Portas de Brandenburgo solo inacessível aos berlinenses ocidentais. A visão total do monumento era apenas possível de Leste, ao fundo de Unter den Linden. Uma larga terra de ninguém assim nasceu em volta das portas, estendendo-se a sul ao igualmente desolado terreno onde hoje mora novamente a Potsdamer Platz.

O segmento frente às Portas de Brandenburgo foi uma das secções do muro mais visitadas em Novembro de 1989 quando a barreira se rompeu (e depois caiu). Nos primeiros dias sob vigilância a Leste, que entretanto abranda e cede o espaço aos berlinenses. A estrutura foi retirada em Dezembro do mesmo ano.


A história deste local durante a guerra fria conheceu duas visitas marcantes. Uma, em 1963, por John F. Kennedy. Na ocasião as autoridades a Leste colocaram panos vermelhos entre as colunas, para que o presidente americano não pudesse ver o outro lado da cidade… Em 1987, Ronald Reagan falou ali aos berlinenses. A fechar o discurso, a famosa frase: “Mr Gorbachev, tear down this wall”…

Hoje as Portas de Brandenburgo (restauradas entre 2000 e 2002) são ponto de passagem diária para berlinenses e turistas. À sua volta, na Praça de Paris, no topo de Unter den Linden nasceram novos edifícios. Embaixadas, escritórios, cafés e até mesmo o Museu dos Kennedy.