A música pop ganhou algum espaço na sua agenda de trabalho nos últimos anos. Entre outros trabalhou já com nomes como os Grizzly Bear, Antony and The Johnsons, Björk ou The National. Estes trabalhos mudaram algo em si?
Uma das coisas interessantes na música pop é maneira como uma canção funciona, por vezes sem conseguirmos saber bem porquê. Essa é a essência dessa música. Agora, que tenho trabalhado com várias pessoas, uns a fazer canções mais tradicionais, outros a fazer canções nada tradicionais, reparei que é preciso dominar uma certa arte para criar canções com uma certa inteligência. Mesmo aquelas canções que podemos escutar na rádio durante dois meses a fio envolvem o domínio de uma certa sabedoria.
O seu nome começa entretanto a ser entretanto mencionado como valor adicional nos discos pop em que colabora… O que acha que traz aos músicos pop/rock com quem trabalha quando assina arranjos?
Para mim um arranjo é algo que se faz a pensar no outro. Quando se pega numa canção para fazer um arranjo não se pensa em nós mas sim na canção e quem a fez. É a eles que queremos prestar um serviço. Para fazer a canção ficar bela... É como pegar numas calças. Não dizemos que elas nos ficam bem a nós. É antes dizer que é o outro quem fica bem com elas.
E, aprioveitando agora essa sua imagem, podemos então dizer que tem trabalhado com uns belos pares de calças para muito boa gente...
Sim... (risos). Tenho tido sorte com aqueles com quem tenho trabalhado.
Entretanto tem estado a trabalhar numa primeira ópera…
Tenho... Acabei-a em Agosto. E tenho estado a fazer workshops à volta dela... Tenho estado numa sala, com dois pianos e cantores, a ver como funciona. E tem funcionado muito bem... É uma história um pouco complicada... É muito contemporânea nos meios... Mas com um argumento mais tradicional, porque fala de identidades trocadas e um conteúdo emocional bem à antiga, porque é uma história de amor. A história acontece entre duas personagens, na Internet.
(continua)