Continuamos a fazer um percurso através dos álbuns dos Kraftwerk que agora são reeditados com som remasterizado. Ordenados cronologicamente, passamos hoje por Trans Europe Express, de 1977.
Depois de lançada a visão com Autobahn (1974) e aprofundada uma curiosidade pela canção pop em Radio-Activity (1975) o passo seguinte revelou novo importante passo em frente. Novamente na agenda de trabalhos residia um conceito global para o disco: desta feita a celebração de uma ideia europeia, surgindo os comboios e as redes ferroviárias como uma das expressões físicas de um todo que se pretendia celebrar. Trans Europe Express (capa original ao lado) foi, tal como o anterior, gravado nos estúdios Kling Klang, em Dusseldorf, com a produção assinada por Hutter e Schneider, também eles os autores de todas as composições. Tomando os comboios como uma das forças motrizes do disco, chegaram a escutar e gravar sons de carruagens sobre caminhos-de-ferro. Mas sentiram a necessidade de os manipular depois, não os considerando suficientemente dançáveis. A estrutura rítmica mais elaborada e insistente é, de resto, uma das novidades maiores de um disco que ao mesmo tempo aprofunda as marcas de relação com a canção (bem visíveis em Hall Of Mirrors ou Showroom Dummies). O disco assinala uma espécie de agradecimento a David Bowie, que algum tempo antes fora dos primeiros a falar da influência que a descoberta dos Kraftwerk tivera na sua música. Bowie e Iggy Pop são inclusivamente citados na letra do tema-título. O álbum é um dos discos mais influentes da história pop dos anos 70, com marcas suas bem visíveis não apenas em terreno pop como, inclusivamente, no hip hop.