João Pedro Rodrigues já descreveu o seu novo filme, Morrer Como Um Homem, como “um musical sem música”. A expressão traduz uma interessante visão total do filme. Não é contudo para ser lida de forma literal, já que por várias sequências do filme passam canções, umas na própria voz do protagonista (como Erva Daninha Alastrar ou Sempre Ausente de António Variações ou Imenso, de Paulo Bragança), outras integradas no espaço em volta de personagens e acção, como Total Eclipse Of The Heart, de Bonnie Tyler ou Calvary de Baby Dee. E nesta última, garantidamente, uma das grandes surpresas do filme.Nascida em 1953 em Cleveland (Ohio) , Baby Dee é uma cantora transexual, também harpista e acordeonista (detesta a expressão cantautora), com carreira feita ora em discos a solo ora em colaborações com nomes que vão dos Sex Pistols a Antony & The Johnsons, tendo igualmente corrido muitos quilómetros de estrada com os Current 93. Calvary, canção que se escuta numa sequência magnífica de Morrer Como Um Homem (a que a imagem principal deste pop ilustra) é uma das canções de Little Window, álbum de 2000 e mais recentemente integrada na antologia (em CD duplo) The Robin’s Tiny Throat.
Imagens de Baby Dee, numa actuação ao vivo, ao som de Calvary, a mesma canção que escutamos no filme de João Pedro Rodrigues.
Aqui imagens de uma bem humorada entrevista registada em sua casa em Cleveland, e excertos de algumas outras actuações. Fica bem claro, nas palavras da própria, que a expressão “cantautora” não mora na sua lista de preferências.
Dois links para descobrir mais sobre o universo musical de Baby Dee: