O núcleo da exposição no Museu Colecção Berardo abre com uma sequência de salas que juntam imagens em vídeo de actuações marcantes, capas de discos, recortes de imprensa, programas de concertos, folhas de produção de álbuns, alguns retratos pintados, o mítico “busto” e fotografias, muitas fotografias. Estas representam talvez o acervo mais impressionante reunido nesta exposição, não apenas recordando imagens icónicas mas a estas juntando fotos menos divulgadas e até mesmo o conteúdo de sessões das quais apenas um ou outro fotograma acabou por ter vida em papel. Estas primeiras salas justificam plenamente uma visita à exposição. A segunda sequência de salas promove um conjunto de intervenções de artistas contemporâneos com Amália, a sua imagem, figura, voz ou obra como pontos de partida. São vários os nomes com obras expostas, uns com propostas mais interessantes, outros nem por isso. Coração Independente, de Joana Vasconcelos, é, garantidamente, uma das mais interessantes entre as peças integradas na exposição.
O segundo pólo da exposição mora a 1300 metros do primeiro. O programa/planta da exposição sugere caminhos possíveis e guia o visitante até ao Museu da Electricidade. Aí, contudo, o que se vê sabe a pouco. É magnífica a sala com vestidos (casa um com a sua história) e jóias, adornada com capas ampliadas de alguns discos. Já na sala ao lado, além de mais fotos e três pontos com imagens em vídeo, apenas vemos de novo uma “magra” discografia que dá conta da variedade de épocas, formatos discográficos e registos gráficos, mas fica aquém do que deveria ser, aqui, uma arrumação mais completa (não necessariamente exaustiva), cronologicamente arrumada e devidamente contextualizada (e, porque não, com som por perto) dos discos que são parte importante da história que ali se evoca.