segunda-feira, setembro 07, 2009

Um segredo chamado trabalho

Como se entra, com uma câmara de filmar, no espaço privado de um artista? Uma possível resposta a esta questão pode ser dada pelo simples visionamento de Glass: A Portrait Of Philip In 12 Parts, um olhar pelo universo pessoal e profissional de Philip Glass assinado por Scott Hicks que, na verdade, não é mais que o melhor docuemntário sobre uma figura ligada à música que o cinema nos deu a ver nos últimos anos.

Scott Hicks acompanhou Philip Glass durante 18 meses. Visitou o seu escritório de trabalho em casa, explicando a sua mulher que aquela aparente desarrumação é a sua arrumação. Vemo-lo depois nos Looking Glass Studios, outro dos seus espaços de labor diário em Nova Iorque, em sessão de trabalho com Nico Muhly. Mais tarde fala de trabalho e de espiritualidades enquanto prepara pizzas para a família e amigos na sua casa de férias. Acompanhamo-lo em ensaios de uma ópera na Alemanha e de um recital a solo na Austrália… Com ele entramos pela sala onde Woody Allen fazia a montagem de Cassandra’s Dream. Martin Scorsese, Errol Morris e Godfrey Reggio falam da sua relação com o cinema. E regressamos ao espaço familiar, entre os filhos mais novos e o mais velho, entre as histórias do presente e aglumas memórias que ajudam a contar estaa história.
Glass: A Portrait Of Philip In 12 Parts é um filme que nos revela um espaço privado sem nos dar nunca a sensação de estarmos a ser intrusos. Tranquilo e bem humorado, Philip Glass aceita a presença da curiosidade da câmara. As suas palavras vão lançando o texto no contexto. E quando lhe perguntam qual será o segredo para o que já atingiu, responde sem pausa: levantar cedo todos os dias e trabalhar!