Nova polémica-de-coisa-nenhuma para turvar um pouco mais as águas em que (não) se faz política e jornalismo. Ao que parece, nos minutos que antecederam o debate entre José Sócrates e Francisco Louçã (RTP1, 9 Set.), ambos trocaram algumas palavras soltas e inconsequentes, onde se falou de tudo e nada: as férias no Algarve, a vigília para apoiar Manuela Moura Guedes, as regras do próprio debate... São momentos completamente vazios e irrelevantes que alguém registou e colocou no YouTube [notícia no DN, video aqui em baixo]. Tanto bastou para que se queiram "apurar responsabilidades", tanto mais vagas quanto aquelas imagens (e respectivos sons) estavam disponíveis para técnicos da RTP, da SIC, da TVI e dos estúdios Valentim de Carvalho (onde todos os debates têm sido realizados).
Tão patética agitação não passa de uma pequena anedota, sem graça nem imaginação. Mas o mais extraordinário é que ninguém diz que esta lógica de "apanhados" está longe de ser uma excepção, antes corresponde a um método usado por frequentes peças de telejornais que encaram a cena política (e, em boa verdade, todo o quotidiano) como um palco de incidentes mais ou menos ridículos que importa registar, provocar e exponenciar. Quem colocou o video no YouTube é apenas um agente anónimo dessa cultura dominante que endeusou os "apanhados". Única coisa salutar no meio de tudo isto: "o gabinete do primeiro ministro entendeu não fazer qualquer comentário sobre este assunto."