Com Os Limites do Controlo, o cinema de Jim Jarmusch continua a cumprir uma espécie de "on the road" intercontinental onde, ironicamente, se cruzam concreto e abstracto — este texto foi publicado no Diário de Notícias (30 de Julho), com o título 'O puzzle existencial de Jim Jarmusch'.
Jim Jarmusch, revelado no começo da década de 80 com Permanent Vacation e Stranger Than Paradise, é um daqueles autores americanos que, pelo estilo e pelo espírito, se mantém fiel às premissas de um cinema independente em que o gosto da experimentação comanda, mesmo quando nele surgem nomes sonantes de actores.
Jim Jarmusch, revelado no começo da década de 80 com Permanent Vacation e Stranger Than Paradise, é um daqueles autores americanos que, pelo estilo e pelo espírito, se mantém fiel às premissas de um cinema independente em que o gosto da experimentação comanda, mesmo quando nele surgem nomes sonantes de actores.
Assim volta a acontecer em Os Limites do Controlo, filme austero e encantatório. Na sua origem estão as viagens protagonizadas por Isaach De Bankolé, na foto (actor fetiche de Jarmusch), transportando uma “mercadoria” mais ou menos secreta. Na verdade, o que conta são os seus encontros: cruzando-se com personagens interpretadas, entre outros, por John Hurt, Tilda Swinton e Gael García Bernal, ele vive momentos insólitos em que é levado (e nós com ele) a testar as suas certezas existenciais e, no limite (do controlo, hélas!) a repensar as fronteiras entre realidade vivida e realidade imaginada. O resultado funciona como um “puzzle” com lógica de peça musical: tema e variações. Tem tanto de grave como de divertido, transparente e misterioso.