A 25 de Agosto de 1609, há precisamente 400 anos, Galileu apresentava ao dodge de Veneza (e aos demais altos quadros do poder da cidade) o seu telescópio. Não era invenção sua de origem, mas o desenvolvimento de uma ideia de um holandês. Com o telescópio Galileu tornou-se numa das figuras que mais contribiu para o lançamento da astronomia moderna. Foi o primeiro a observar as formas da superfície lunar, a descobrir as manchas solares e a identificar os quatro primeiros satélites de Júpiter (aos quais se chama, ainda hoje, as luas galileanas).
A figura de Galileu Galilei inspirou pintores, mais tarde dramaturgos e realizadores de cinema. E, em ano com efeméride em seu nome (a que hoje se assinala), tournou-se protagonista da mais recente obra do escritor de ficção científica norte-americano Kim Stanley Robisnon (o autor da Mars Trilogy e, mais recentemente, de um tríptico sobre implicações das alterações climáticas em cenários de um futuro próximo).
Chama-se Galileo’s Dream e acaba de ser publicado no Reino Unido, para já apenas em edição hardback. É uma história passada em dois tempos. A narratica começa por nos apresentar Galileu quando, em 1609, aperfeiçoa e apresenta o seu telescópio. Acompanha os passos seguintes da sua vida pessoal e científica. Mas cruza estes ecos de factos reais em inícios do século XVII com a visita de um estranho que, depois de sugerir a Galileu algumas ideias sobre o telescópio, acaba por levá-lo para bem longe, no tempo e no espaço. É na verdade um habitante de Ganimede, uma das luas de Júpiter que Galileu descobre através das observações com o seu telescópio. Chega do ano 3000… E procura no velho mestre um comentador exterior a um conflito do seu tempo que acompanhamos nas quase 600 páginas do livro.