A fechar um mês que evocou os 40 anos da chegada do homem à Lua, memórias de livros que, pela ficção, anteciparam os feitos da missão Apollo 11.
Outra das primeiras visões “cientificamente” sustentadas (em terreno de ficção, naturalmente) de uma missão tripulada à Lua foi assinada em 1951 por Arthur C. Clarke. De resto, representou, para um autor que já contava com alguns contos publicados, a sua primeira experiência de maior fôlego. Prelude To Space foi na verdade escrito, em apenas 20 dias, em 1947, tendo a sua publicação acontecido apenas quatro anos depois, primeiro numa revista, chegando a livro pela primeira vez no Reino Unido, já em 1953. O texto centra-se essencialmente numa sequência de descrições e discussões que envolvem os técnicos relacionados com a missão Prometheus, destinada a cumprir a primeira missão lunar tripulada. A viagem assenta numa nave que se divide em duas partes. Uma delas assegura apenas o trajecto interplanetário, incapaz portanto de subir ou descer a atmosfera terrestre. Cabendo assim à outra componente (movida por propulsão nuclear) essas etapas da missão, de certa forma antecipando características que se tornariam realidade não necessariamente no programa Apollo, mas no Space Shuttle. A narrativa conclui-se com o lançamento da missão, centrando-se portanto o livro na etapa de preparação técnica e científica de um feito que Clarke assim ajudou a sonhar 20 anos antes de ser uma realidade.