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Subitamente, manchetes de todos os meios de informação (jornais, televisões, Internet) destacam os números de bilheteira de Harry Potter e o Príncipe Misterioso. A começar pela proeza de atingir, no primeiro dia de exibição em todo o mundo, a marca dos 100 milhões de dólares. O que se diz menos (em boa verdade, é assunto ignorado por quase todas as formas de jornalismo cinematográfico) é que estes números reflectem um enorme desequilíbrio estrutural dos mercados.
Nos EUA, por exemplo, a estreia do filme em 4275 ecrãs significa uma ocupação do mercado superior a 14 por cento; em Portugal, os seus 98 ecrãs fazem com que essa percentagem de ocupação seja ainda um pouco maior. Consequências? Uma menor diversificação da oferta e a condenação de filmes menos protegidos pelo marketing a ficarem “esquecidos” em pequenos nichos de exibição. Harry Potter e o Príncipe Misterioso é mau cinema. Mas, mesmo que fosse uma obra-prima, o drama seria o mesmo: um mercado dominado por conceitos deste género está, todos os dias, a minimizar muitos filmes e, por consequência, a perder público(s).