É um pouco como na globalização do cinema: não basta ter os "conteúdos", ou seja, os filmes; é preciso afirmar o seu poder no modo como esses filmes chegam aos consumidores — isto é, na distribuição. O acordo anunciado entre Microsoft e Yahoo!, por um período de dez anos (ver notícia de The New York Times), é o resultado directo de uma estratégia desse género: na prática, o motor de busca Bing, da Microsoft, irá alimentar o Yahoo!, funcionando o Yahoo! como gestor da oferta comercial nos sites dos dois grupos. Como comenta Tim Weber, da BBC, este não é um mero movimento de colaboração empresarial: "Não se trata de um casamento por amor, mas por necessidade." E que necessidade é essa? A de fazer frente ao poder imenso do Google.
O simples facto de as guerras da Internet se estarem a travar através de alianças desta dimensão deveria bastar para não nos iludirmos com a visão lírica dos que, a começar por muitos protagonistas da cena política, proclamam a Idade da Informação como uma espécie de paraíso virtual que sucedeu ao "materialismo" dos livros. Na verdade, a questão é outra: oxalá Microsoft e Yahoo! (e, já agora, também o Google) alarguem as nossas possibilidades de construir conhecimento; o certo é que estamos a viver uma acelerada época de transfiguração, não apenas das fontes desse conhecimento, mas também dos modos de lá chegar.
>>> Resultados de uma pesquisa com as palavras "Microsoft Yahoo! deal" com o motor Bing.