De Sam Cohn não são conhecidas muitas fotografias [esta que qui reproduzimos tem data de 1984 e assinatura de Eddie Hausner/The New York Times]. E faz sentido que assim seja: na sua qualidade de agente de Hollywood (num artigo de 1993, intitulado 'Requiem por um peso-pesado', a revista Time descreveu-o como "o primeiro su-per-agente da idade moderna"), ele foi um homem de bastidores, cé-lebre pelo seu poder, tanto quanto pela sua inacessibilidade — Sam Cohn não chegou a completar 80 anos (o que aconteceria no próximo dia 11): faleceu a 6 de Maio, em Nova Iorque.
Nova Iorque foi, aliás, a sua cidade de eleição, o que não é muito comum para alguém que lida com os circuitos da criação artística de Hol-lywood. Entre os muitos nomes da sua lista de clientes constaram Paul Newman, Meryl Streep, Robin Williams, Liza Minnelli e Sigourney Wea-ver, além de cineastas como Robert Altman, Bob Fosse e Woody Allen, e ainda os escritores Arthur Miller e E. L. Doctorow. O célebre contrato conseguido por Woody Allen, nos anos 80, com o estúdio Orion — 10 filmes (Broadway Danny Rose, Ana e as Suas Irmãs, Crimes e Escapadelas, etc.) com total controlo criativo, desde que o cineasta cumprisse rigorosamente um orçamento previamente estabelecido — foi obra de Cohn. A sua actividade é indissociável da poderosa ICM (International Creative Management), agência de que foi um dos fundadores, em 1975, tendo-se reformado no passado mês de Fevereiro.
Num artigo biográfico, não muito simpático para Cohn, publicado em 1982 na revista The New Yorker, a sua lendária figura hiper-influente, mas sempre distante das luzes da ribalta, era descrita como uma das personalidades de Hollywood mais difíceis de contactar por telefone. De forma muito cáustica, a revista propunha mesmo um epitáfio para o seu túmulo: "Aqui jaz Sam Cohn. Ele depois devolve a chamada."