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A Marca do Terror integra o "ciclo Ranown" da obra de Boetticher, isto é, um conjunto de seis westerns realizados entre 1956 e 1960, com Randolph Scott no papel principal e produção de Harry Joe Brown. Centrado numa viagem particularmente atribulada de uma diligência, é um filme bem típico de uma época em que o género começava a dispensar as ilusões do heroísmo clássico, por um lado colocando em cena histórias de crescente desencanto moral, por outro lado celebrando a solidão irreparável de novas personagens centrais — nesta perspectiva, Randolph Scott é um muito directo antepassado de actores como Charles Bronson e Clint Eastwood, do mesmo modo que Boetticher antecipa o cepticismo de um autor como Sam Peckinpah. Além do mais, a geométrica precisão da sua mise en scène distingue-o como genuíno retratista das relações humanas e dos seus equívocos nunca apaziguados. Em resumo: um grande cineasta que importa (re)descobrir.