O nome de Budd Boetticher (1916-2001) é, por certo, um dos mais sistematicamente esquecidos na paisagem do grande cinema clássico americano e, muito em particular, nas memórias da sua produção de série B. Aliás, basta atentarmos nesta edição do seu filme A Marca do Terror/The Tall T (1957) para percebermos como a sua herança permanece mais ou menos ignorada — a capa do DVD nem sequer refere o seu nome.
A Marca do Terror integra o "ciclo Ranown" da obra de Boetticher, isto é, um conjunto de seis westerns realizados entre 1956 e 1960, com Randolph Scott no papel principal e produção de Harry Joe Brown. Centrado numa viagem particularmente atribulada de uma diligência, é um filme bem típico de uma época em que o género começava a dispensar as ilusões do heroísmo clássico, por um lado colocando em cena histórias de crescente desencanto moral, por outro lado celebrando a solidão irreparável de novas personagens centrais — nesta perspectiva, Randolph Scott é um muito directo antepassado de actores como Charles Bronson e Clint Eastwood, do mesmo modo que Boetticher antecipa o cepticismo de um autor como Sam Peckinpah. Além do mais, a geométrica precisão da sua mise en scène distingue-o como genuíno retratista das relações humanas e dos seus equívocos nunca apaziguados. Em resumo: um grande cineasta que importa (re)descobrir.