Knowing/Sinais do Futuro, de Alex Proyas, com Nicolas Cage, é um daqueles filmes que se vai enredando nas referências que convoca — pensamos em Encontros Imediatos do Terceiro Grau (1977), de Steven Spielberg, mas também em Nome de Código: Mercúrio (1999), de Harold Becker — até mais não restar do que o esqueleto dramático de um banal exercício copista.
Vale a pena, no entanto, reflectirmos sobre um aspecto bizarro da promoção do próprio filme. Assim, face à história de uma ameaça que pode destruir a Terra, é natural que essa eventual destruição, em particular das grandes metrópoles, seja um dos mistérios a preservar... Do mesmo modo que, face a um policial baseado em Agatha Christie, não se deve dizer que "o criminoso é o mordomo" — por simples cortesia e respeito pelo espectador. Ora, acontece que pelo menos um dos spots televisivos de Knowing mostra Nova Iorque a ser devorada por uma verdadeira onda de chamas... É o que se pode chamar um spoiler oficial!
Claro que cada estúdio promove os seus filmes como muito bem entender. Seja como for, este precalço é bem revelador de uma certa forma consumista hoje em dia muito explorada (e não apenas no cinema) — em casos como este, é suposto ir-se ao cinema, não para saborear uma qualquer descoberta, mas para "confirmar" uma informação que já se tem. O absurdo vai mais longe e chega ao ponto de o acidente de aviação que ocorre a certa altura (e que é suposto ser um momento fulcral de suspense) estar inequivocamente exposto num dos clips disponibilizados pelo site oficial do filme.
Repare-se: nenhum filme é "melhor" ou "pior" por causa da sua promoção. Não é essa a questão. Acontece que este modo de divulgar/promover um filme decorre de um entendimento letal para o próprio cinema. Porquê? Porque dispensa as escolhas do consumo, transformando-as em automatismos consumistas. A prazo, a generalização de um método destes só pode contribuir para decompor todas as audiências.