Não é ainda um filme da era Obama. Mas também não necessariamente um filme da era Bush, sentindo-se no olhar crítico de Oliver Stone a certeza de que aqui se contava uma história com ponto final à vista. Sem a “necessidade” de ser, por isso mesmo, um depoimento “panfletário”.
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Mais que apenas um comentário político à presidência de George W. Bush, W (agora editado em DVD) é um retrato do homem que comandou os destinos dos EUA depois de grandes referências como, por exemplo, o foram Reagan ou Clinton e o actual presidente, Barack Obama. Stone mostra-nos um Bush (magnificamente interpretado por Josh Brolin) preparado para tudo menos os desafios que a vida acabou por colocar pela sua frente. O irmão do “menos”... Ou seja, o filho a quem o pai Bush não adivinhava futuro político. O filho alcoólico que saltou de trabalho em trabalho até aterrar na política. Pecando aí o filme por não procurar explicar como acabou Bush por liderar o ticket republicano no ano 2000. O Bush de Oliver Stone é um texano folgazão. Um homem simples, de fé, habitado por dúvidas e medos, acompanhado por uma “corte” de figuras que Stone reduz ao estatuto de demónios oportunistas. Na verdade, do retrato da sua administração o único que poupa e trata com deferência é Colin Powell. Curiosamente, uma figura que mais tarde acabaria a apoiar a candidatura de Obama...
W é, necessariamente, um filme político. Reflecte sobre um tempo, acções e figuras. Mas não esgota a sua massa humana na dimensão factual das personagens. Antes, dá-lhes uma vida além de um corpo, ideias e suas decisões. E nesse aspecto está nos antípodas do superficial e desapontante Che, de Steven Soderbergh, no qual ao revolucionário não é dado mais espaço que o do ser político, um programa ideológico ambulante sem aparente existência além de um programa de pensamentos e decisões. Além de pontuais ataques de asma...