domingo, abril 26, 2009

Música de dança

Em 1986 Philip Glass compôs música para um espectáculo da companhia de bailado de Twyla Tharp. Com o título In The Upper Room, o bailado, em nove segmentos, usou durante anos (inclusivamente quando passou por Lisboa, no Grande Auditório da Gulbenkian) o som de uma gravação da qual apenas alguns excertos foram depois integrados no álbum Dance Pieces (1987). Continuando uma política de edição regular de obras de Philip Glass, a Orange Mountain Music (ou seja, a sua própria editora), apresenta agora, e pela primeira vez, a versão integral da música criada para este bailado de 1986. Contudo, e ao invés de outros lançamentos recentes da editora, com base em gravações de arquivo, Philip Glass optou pela regravação de In The Upper Room (uma das mais marcantes das suas obras para bailado), abdicando dos sintetizadores (usados no registo original), apostando apenas num ensemble acústico e uma voz, tal e qual na partitura original até aqui nunca gravada. O disco abre-nos agora uma janela para uma memória importante da obra de Glass em meados de 80, trazendo finalmente a disco, 23 anos depois de concebida, uma peça simplesmente magnífica.


Outros lançamentos:
Continuando a falar de Philip Glass, outro novo lançamento através da Orange Mountain Music prepara, para já pelo som, a chegada ao DVD do documentário de Scott Hicks Glass: A Portrait Of Philip In Twelve Parts. Trata-se da banda sonora deste filme, um disco que necessariamente vive sobretudo de uma selecção feita a partir de gravações já conhecidas, nomeadamente retiradas de obras e discos como, entre outros, Einstein On The Beach, Etoile Polaire, Etudes For Piano, The Thin Blue Libne, The Orphee Suite For Piano, Glassworks ou a Sinfonia nº 8. A grande novidade corresponde a uma gravação ao vivo de Metamorphosis No. 2, efectuada pelo próprio realizador para servir uma sequência do documentário e que aqui conhece a sua versão áudio. O digpack, relativamente simples, inclui ainda alguns fotogramas deste documentário, nascido de 18 meses de relação próxima de Scott Hicks com o compositor.


A Missa é uma das mais importantes e emblemáticas obras de Leonard Bernstein (1918-1990) conciliando num mesmo espaço uma série de reflexões sobre matérias da fé (que frequentemente marcaram presença em várias outras obras do compositor) e um leque aberto e deszfiante de referências musicais, da tradição do musical ao jazz, das heranças dos fundadores de uma identidade “clássica” americana ao gospel, sem colocar de lado pontuais contactos com a canção popular. Criada para a inauguração do Kennedy Cntre, em 1971, a Missa teve uma primeira gravação pelo próprio Bernstein e uma segunda, recentemente, sob direcção de Kent Nagano. Uma nova visita a esta obra maior da música americana do século XX surge numa soberba gravação pela austríaca Tonkünstler Orchester, dirigida por Kristjan Närvi (ed. Chandos). O maestro, natural da Estónia, foi já descrito pelo New York Times como “uma força cinética no palco, como se um Bernstein renascido”. A gravação desta Missa confirma em pleno as afinidades.