Lançado no ano heróico de 1939, O Feiticeiro de Oz é um dos títulos exemplares da idade de ouro de Hollywood — e também uma das efemérides incontornáveis de 2009. Este texto foi publicado na mais recente edição da revista Egoísta ("Sonho", nº 38), com o título 'Gotas de limão'.
Uma menina chamada Dorothy, um espantalho, um homem de lata e um leão medroso. Estreado há 70 anos, o filme O Feiticeiro de Oz é uma das efemérides redondas do ano de 2009. Depois de alguns lançamentos localizados, nomeadamente em Los Angeles (Grauman’s Chinese Theater, 15 de Agosto) e Nova Iorque (Lowe’s Capitol Theater, 17 de Agosto), a estreia nacional americana ocorreu a 25 de Agosto de 1939. Uma semana depois, a 1 de Setembro, o exército nazi invadia a Polónia — começava a Segunda Guerra Mundial.
As efemérides históricas, de que os aniversários das pessoas constituem a expressão social mais óbvia, decorrem sempre desta ilusão básica, ao mesmo tempo sedutora e simplista, de que algo no tempo pára por decisão nossa, sancionada pela pendular teimosia do calendário. No caso de O Feiticeiro de Oz, a ilusão é tanto mais persistente quanto o próprio filme entrou na história do cinema, não apenas como símbolo incontornável de um lendário ano de produção (entre os lançamentos de 1939 incluem-se E Tudo o Vento Levou, Peço a Palavra! e Young Mr. Lincoln), mas também como apoteose da vocação onírica da arte cinematográfica. Mais do que isso: se Hollywood foi uma “fábrica de sonhos”, talvez nunca o tenha sido de forma tão intensa e tão política como nessa época de todas as convulsões.
Uma menina chamada Dorothy, um espantalho, um homem de lata e um leão medroso. Estreado há 70 anos, o filme O Feiticeiro de Oz é uma das efemérides redondas do ano de 2009. Depois de alguns lançamentos localizados, nomeadamente em Los Angeles (Grauman’s Chinese Theater, 15 de Agosto) e Nova Iorque (Lowe’s Capitol Theater, 17 de Agosto), a estreia nacional americana ocorreu a 25 de Agosto de 1939. Uma semana depois, a 1 de Setembro, o exército nazi invadia a Polónia — começava a Segunda Guerra Mundial.
As efemérides históricas, de que os aniversários das pessoas constituem a expressão social mais óbvia, decorrem sempre desta ilusão básica, ao mesmo tempo sedutora e simplista, de que algo no tempo pára por decisão nossa, sancionada pela pendular teimosia do calendário. No caso de O Feiticeiro de Oz, a ilusão é tanto mais persistente quanto o próprio filme entrou na história do cinema, não apenas como símbolo incontornável de um lendário ano de produção (entre os lançamentos de 1939 incluem-se E Tudo o Vento Levou, Peço a Palavra! e Young Mr. Lincoln), mas também como apoteose da vocação onírica da arte cinematográfica. Mais do que isso: se Hollywood foi uma “fábrica de sonhos”, talvez nunca o tenha sido de forma tão intensa e tão política como nessa época de todas as convulsões.
[continua]