Foi há dez anos. A 20 de Abril de 1999, a manhã da pequena cidade de Columbine, perto de Denver (no Colorado, EUA), acabava com um tiroteio numa escola. Eric Harris e Dylan Klebold mataram, com armas de fogo, 12 colegas e um professor, fazendo do incidente em Columbine um dos mais sangrentos tiroteios na história dos EUA. No total, 15 mortos, entre os quais os dois mentores e executantes do massacare, e uma multidão de feridos chamaram a atenção para as causas que pudessem justificar o que aconteceu. Houve quem atribuísse culpas, fáceis, aos “males” do nosso tempo: a música rock, a Internet, os videojogos violentos... Os Rammstein e Marilyn Manson moraram cedo entre os nomes apontados a dedo. Em conversa que tivemos em 2000, quando apresentava o álbum Holy Wood, Manson disse-me inclusivamente: “Na escola de Columbine, onde me atacaram por algo ao qual não estava associado, foram os media quem na realidade criou o caso. Havia quem quisesse ser ouvido e os media deram-lhes espaço. Por isso nem respondi, não ripostei. Essa não era uma batalha minha.” Ao VH-1, quando um dia lhe perguntaram o que teria dito aos responsáveis pelo massacre se com eles pudesse ter falado, Manson simplesmente respondeu: “Nada! Teria ouvido, porque ninguém o fez”. Esta afirmação traduz com mais seriedade o debate levantado depois da “busca” de bodes expiatórios que em alguns media correu depois do massacre. Revelações tendo em conta os perfis dos responsáveis, histórias de exclusão por parte dos colegas e relatos de bullying, medo e intimidação na escola abriram inevitavelmente espaço à reflexão.
O massacre em Columbine teve enorme impacte na cultura popular da última década. Nomes como Eminem, Filter, Chumbawamba ou Marilyn Manson contam-se entre os muitos que levaram o massacre, o debate sobre as suas causas e consequências a canções. Visado pelos media pouco depois do incidente, Manson chegou mesmo a dedicar algumas das canções de Holy Wood, o álbum que editou no ano seguinte, a reflexões sobre Columbine. Ao longo dos anos foram publicados vários títulos sobre o massacre, entre os quais No Easy Answers – The Truth Behind Death at Columbine, memórias de Brooks Brown (um sobrevivente do tiroteio), co-escritas com o jornalista Rob Merritt. No grande ecrã, Columbine passou por Elephant, de Gus Van Sant (na foto), que partiu do incidente para criar uma ficção e por Bowling For Columbine, um documentário de Michael Moore que usava Columbine como mote para debater o livre porte de armas.
Na próxima semana chega às salas norte-americanas April Showers (na imagem), filme de Andrew Robinson, um outro sobrevivente do tiroteio que, em 1999, cumpria o seu último ano na escola. O filme aborda o massacre do ponto de vista dos sobreviventes, observando os dias seguintes e as questões então levantadas...