Não foi uma revelação em termos absolutos, quanto mais não seja porque o tenor alemão Werner Güra (n. 1964) é um nome importante no panorama internacional do canto lírico — nos registos discográficos, são especialmente celebradas as suas gravações de obras de Bach e Telemann, sob a direcção de René Jacobs. Mas foi uma revelação no Grande Auditório da Fundação Gulbenkian (dia 25, 19h00). Acompanhado pelo jovem e muito talentoso pianista austríaco Christoph Werner, Güra deu um concerto magnífico, interpretando obras de Robert Schumann (Liederkreis, op.39) e Hugo Wolf (Mörike Lieder), isto é, reflectindo os contrastes do canto alemão do século XIX — intimidade e emoções contidas com Schumann, convulsões mais expostas e acentuadas em Wolf. Em resumo: uma voz densa, habitada por muitas e delicadas nuances dramáticas.