É frequente vermos candidatos à presidência dos EUA a ser entrevistados em talk shows. Mas depois de tomada a posse, esse deixa de ser um destino na sua agenda televisiva. Barack Obama falava de mudança na campanha. E a mudança fez, de facto, uma vez mais, ao comparecer, ontem, no Tonight Show de Jay Leno, na NBC. Ao fim de dois meses de um mandato que tem a braços a maior crise económica desde a Grande Depressão, reencontrámos um Barack Obama mais sorridente, bem humorado, sempre calmo. A siatuação económica e algumas linhas do seu plano de acção dominaram a conversa. Mas houve ainda tempo para falar sobre bowling e basketball na Casa Branca, o prometido cão (a que Leno chamou “portuguese waterhead”, logo corrigido pelo Presidente) e quão “cool” é andar no Air Force One. Aqui fica parre da entrevista.
São 24 minutos de história televisiva. E, quem sabe, um precedente a ditar uma nova forma de relacionamento entre políticos com altos cargos e os cidadãos. Um Presidente fala aos cidadãos sem o aparato das comunicações oficiais ou das entrevistas políticas. Em comparação com a sua última participação no programa verificamos que a camisa desabotoada deu lugar à gravata, cargo oblige. E o volume de forças de segurança em estúdio aumentou (como gracejaram no início da conversa)... Obama falou ao cidadão. Simples, directo, no jeito que lhe valeu a adesão de muitos durante a campanha. Leno separou as questões do foro político e económico da inevitável curiosidade pelo quotidiano do Presidente. Mas ambos souberam encontrar a forma certa de dialogar sem que parecesse haver fronteiras entre o que é “sério” e fait divers. Obama foi recebido em estúdio como se fosse uma estrela pop, aplaudido depois em todas as respostas. A BBC fez entrevistas de rua nas quais se confirma que o cidadão comum americano apreciou o gesto e o tom da conversa com o Presidente. Os adversários já sugeriram que este momento terá “diminuído” a presidência... Na verdade, tivessem sabido dominar as linguagens da comunicação como Barack Obama, e talvez tivesse pelo contrário aumentado os seus votos.
Entrevista completa aqui.