E se algumas evoluções tecnológicas do cinema jogassem contra a própria memória? Que lugar existe para Pinóquio num tempo em que os desenhos animados estão a passar para as três dimensões? — este texto foi publicado no Diário de Notícias (21 de Março), com o título 'Pinóquio em 3-D?'.
Com uma edição especial em DVD, iniciaram-se as comemorações dos 70 anos de Pinóquio, um dos títulos emblemáticos dos estúdios de Walt Disney e de toda a história dos desenhos animados. Ironica-mente, o evento surge num contexto de crescente importância, co-mercial e artística, dos filmes a três dimensões, com destaque mui-to particular para as longas-metragens de animação (exemplo próxi-mo: Monstros vs. Aliens tem estreia marcada para 2 de Abril).
Com uma edição especial em DVD, iniciaram-se as comemorações dos 70 anos de Pinóquio, um dos títulos emblemáticos dos estúdios de Walt Disney e de toda a história dos desenhos animados. Ironica-mente, o evento surge num contexto de crescente importância, co-mercial e artística, dos filmes a três dimensões, com destaque mui-to particular para as longas-metragens de animação (exemplo próxi-mo: Monstros vs. Aliens tem estreia marcada para 2 de Abril).
Daí a pergunta que se impõe: será que a eventual generalização do 3-D vai apagar as memórias dos filmes “tradicionais”? Podemos até admitir que Pinóquio ou, em boa verdade, qualquer outro filme (de animação ou não) venha a ser reconvertido para a nova tecnologia. Mas a questão de fundo é outra: como vai sobreviver, não apenas nos mercados, mas no imaginário do público, um século de história do cinema? Será que está a nascer o espectador que não quer conhecer E Tudo o Vento Levou ou 2001, Odisseia no Espaço porque... não são em 3-D? Com as suas inegáveis proezas, estará a tecnologia a gerar novos monstros?