Chega amanhã aos ecrãs nacionais o filme Patti Smith: Dream Of Life, um olhar muito pessoal sobre uma das figuras mais marcantes da história da cultura rock’n’roll. Um documentário de Steven Sebring que, contudo, não se esgota na exploração dos mais de 30 anos de vida de palcos e discos de Patti Smith. Pelo contrário, o filme traduz antes a descoberta (pelo próprio realizador), da vida pessoal, familiar e também profissional de uma mulher que acompanhou, com uma pequena câmara, ao logo de 12 anos.
Fotógrafo de profissão, Sebring procurou, além de um cunho pessoal na abordagem às histórias da história de Patti Smith, uma linguagem visual e narrativa que veiculasse o que nela mais o encantou: a poesia. A voz de Patti Smith e as suas palavras cruzam o tempo, evocam figuas e acontecimentos, lançam ideias. Os espaços visitados pela câmara vão desde o palco à sala de jantar dos pais, de quartos de hotel a passeios pela praia, num registo de intimidade invulgar, diluindo-se no ecrã as fronteiras entre o espaço pessoal e o profissional. E, como se de um refrão se tratasse, surge regularmente em cena o seu quarto, onde se espalham objectos, cada um com uma memória associada. Sam Shepard, Tom Verlaine, Philip Glass, Michael Stipe, Flea, são algumas das figuras que cruzam esta história. Nunca em entrevista, como é comum na linguagem “rocumentary”. Antes, integrados na acção em curso, a câmara estando ali apenas para escutar e ver o que aconteceu, como aconteceu (mais encecação, menos encenação). E assim abre uma porta que nos deixa ir para lá do ícone (e dos mitos que o estatuto comporta).