Esta é a bonequinha da personagem de Coraline, com Dakota Fanning, a actriz que lhe dá voz em Coraline e a Porta Secreta, o filme de Henry Selick adaptado do livro de Neil Gaiman (já disponível em edição portuguesa). Infelizmente, a versão original não está nas salas portuguesas. Seja como for, este é um filme que nos permite entrever algumas componentes fundamentais da evolução do cinema, em particular na utilização do 3-D — este texto foi publicado no Diário de Notícias (19 de Fevereiro), com o título 'Dimensões futuras do cinema'.
Eis um filme que nos coloca numa curiosa encruzilhada, bem reveladora das transformações que estão a atingir a indústria do cinema e que, por certo, ajudarão a definir o seu futuro artístico e comercial. Desde logo, porque Coraline e a Porta Secreta é uma animação eminentemente primitiva (a técnica de “stop-motion” data dos primórdios do cinematógrafo, em finais do século XIX) que se envolve com a nova tecnologia digital, incluindo o 3-D. Depois, porque o 3-D parece corresponder a um trunfo essencial para reconquistar espectadores para as salas.
Este é também um filme ancorado num imaginário de fábula com claras raízes no mundo infantil, ao mesmo tempo que a sua complexidade estrutural lhe empresta uma dimensão inevitavelmente adulta. Fica, assim, uma dúvida irónica: será que o retorno a certos tipos de narrativa mais ou menos fantástica contribuirá para atrair, sobretudo, os espectadores... mais velhos?
Temos, enfim, uma encruzilhada especificamente portuguesa. Assim, Coraline e a Porta Secreta estreia apenas em versão dobrada, por certo desiludindo os espectadores (adultos) que gostariam de escutar as vozes de Dakota Fanning, Jennifer Saunders ou Dawn French. O que não exclui, como é óbvio, o reconhecimento de que o trabalho de tradução e adaptação, da responsabilidade de Nuno Markl, é exemplarmente profissional. E que há algumas vozes brilhantes, com destaque para Maria Rueff e Ana Bola nas personagens das actrizes, Miss Forcible e Miss Spink, e ainda Nuno Lopes como Mr. Bobinsky, o atleta do circo.
Eis um filme que nos coloca numa curiosa encruzilhada, bem reveladora das transformações que estão a atingir a indústria do cinema e que, por certo, ajudarão a definir o seu futuro artístico e comercial. Desde logo, porque Coraline e a Porta Secreta é uma animação eminentemente primitiva (a técnica de “stop-motion” data dos primórdios do cinematógrafo, em finais do século XIX) que se envolve com a nova tecnologia digital, incluindo o 3-D. Depois, porque o 3-D parece corresponder a um trunfo essencial para reconquistar espectadores para as salas.
Este é também um filme ancorado num imaginário de fábula com claras raízes no mundo infantil, ao mesmo tempo que a sua complexidade estrutural lhe empresta uma dimensão inevitavelmente adulta. Fica, assim, uma dúvida irónica: será que o retorno a certos tipos de narrativa mais ou menos fantástica contribuirá para atrair, sobretudo, os espectadores... mais velhos?
Temos, enfim, uma encruzilhada especificamente portuguesa. Assim, Coraline e a Porta Secreta estreia apenas em versão dobrada, por certo desiludindo os espectadores (adultos) que gostariam de escutar as vozes de Dakota Fanning, Jennifer Saunders ou Dawn French. O que não exclui, como é óbvio, o reconhecimento de que o trabalho de tradução e adaptação, da responsabilidade de Nuno Markl, é exemplarmente profissional. E que há algumas vozes brilhantes, com destaque para Maria Rueff e Ana Bola nas personagens das actrizes, Miss Forcible e Miss Spink, e ainda Nuno Lopes como Mr. Bobinsky, o atleta do circo.