Antes de fazer discos estudou música. Imaginava para si um futuro na música clássica?
Creio que sim. Eu estudei composição. Sempre me interessei por música em geral, mais que um género em específico. Gosto mais de pensar em fazer música não me ter de preocupar com questões de género... Ou sobre como a música é interpretada.
O que o fez querer ser compositor?
O que mais gosto é a música dos minimalistas americanos. Philip Glass, Steve Reich... Também me interessei muito por compositores experimentalistas ingleses como Cornelius Cardew. E toda aquela gente ligada à Scratch Orchestra. Também gosto de compositores modernistas europeus como Boulez, Stockhausen... Foram os meus primeiros amores...
Música do século XX, essencialmente...
Sem dúvida. Interesso-me por pessoas que podem ser descritas como músicos pop mas que pensam como compositores. Como, por exemplo Scott Walker, cujos concertos fui ver. Ele pensa o som. É sofisticado como os modernistas europeus. Não vejo diferença entre música feita para uma orquestra e para uma banda rock... O Andrew Popy é um exemplo. Como o é o Songs From Liquid Days de Philip Glass. Que tem essa fluidez entre géneros diferentes.
Phlilip Glass uma vez disse que havia quem dele gostava por ser pop e quem, por sua vez, também quem na sua música apreciava o facto de não ser pop...É como estar numa terra de ninguém. Parece ser um lugar onde hoje muita música acontece...
É completamente verdade. O que há de fantástico no presente é que há muitos músicos a trabalhar assim. Que não estão interessados em géneros, mas na música em geral. Sinto que sou um deles.
Sentiu que, de alguma forma, para agora trabalhar em música pop, teve de “desaprender” parte do que aprendeu?
Um pouco. Estive na Guildhall School for Music and Drama... Que é o... que é... Senti que havia coisas que teria, não exactamente de desaprender, mas talvez saber procurar a espontaneidade das coisas.
Porque sentiu a necessidade de criar uma personagem para a sua música pop?
Não sei porquê... A dada altura era uma personagem bem desenvolvida... Outra das coisas que me interessa é a noção de narrativa, e o contar de histórias. Gosto de criar ideias que têm a ver com personagens. Mas a ideia de criar uma personagem para mim não é assim tão clara. Por vezes nem sei o que é o Leo e o que é o Simon Bookish...
Como surgiu o nome? Gosta de livros?
Sim, gosto... A música que mais me interessa é aquela que liga os cérebros... Num plano mundano devo confessar que, na altura, estava a trabalhar numa biblioteca. A coisa até começou simples. Mas tornou-se complicada...
(continua amanhã)